Estes hábitos orais, dependendo das características faciais da criança e do tempo, duração e intensidade de ocorrência, poderão causar alterações no crescimento da face, má oclusão dentária como mordida aberta anterior, problemas na musculatura orofacial, prejuízo nas funções de respiração, mastigação e deglutição e distorções na fala, como o ceceio anterior (colocação da língua entre os dentes).
Inicialmente devemos compreender como estes hábitos surgiram e porque ainda estão ocorrendo. A criança deve ser compreendida. O trabalho de conscientização é fundamental para obter a colaboração da criança. O fonoaudiólogo poderá indicar, dependendo do caso, exercícios para adequação da musculatura orofacial (principalmente lábios e língua), e para o equilíbrio das funções do sistema estomatognático (respiração, mastigação e deglutição), além de ajudar na retirada do hábito de sucção de dedo e chupeta.
A preferência por alimentos macios pode estar relacionada à redução da força dos músculos da mastigação. Algumas crianças preferem alimentos com esse tipo de consistência, porque assim não há necessidade fazer um grande trabalho mastigatório. Devemos estimular a alimentação com diferentes consistências desde cedo, como forma de fortalecer a musculatura orofacial e proporcionar o desenvolvimento harmonioso da face.
A manutenção da boca aberta, nos casos de respiração oral, faz com que os músculos dos lábios e da mandíbula fiquem mais fracos e a língua permaneça em uma posição mais rebaixada dentro da boca. Além disso, são comuns problemas posturais, deformidades orofaciais e alterações oclusais.
Sim. Ao mastigarmos somente de um lado, também trabalhamos os músculos de apenas um lado do rosto. Isso faz com que haja uma assimetria facial com o passar do tempo. Além disso, a mordida pode ficar alterada e a articulação temporomandibular (ATM) pode sofrer uma sobrecarga.
O ceceio anterior corresponde a uma distorção da fala caracterizada pela colocação da língua entre os dentes da frente durante a produção dos sons de /s/ e /z/.
O trabalho ortodôntico e fonoaudiológico estão intimamente relacionados, ou seja, um interfere e depende diretamente do outro. Cada caso deve ser analisado e discutido pelos profissionais envolvidos. O fonoaudiólogo, por meio da terapia miofuncional, promove a adequação da musculatura e das funções orofaciais, favorecendo a estabilidade dos casos tratados por ortodontistas e ortopedistas funcionais dos maxilares, evitando que as alterações dentárias voltem a ocorrer após a retirada do aparelho.
Texto adaptado: Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia